sábado, 26 de setembro de 2009

_um perfeito coração_

Porque esta (também) foi a música dos nossos dias.






quinta-feira, 17 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Tiptoe

(...)
You feel good
You feel right
You're so good

Tiptoe
Over me
Tiptoe
(...)





sábado, 5 de setembro de 2009

Soneto de fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes




sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Paiol do ouro*

Oxum, Deusa das Águas
Sereia, cantora, Rainha
Reges a minha garganta
De onde nasce esse som
Te oferto perfumes e flores
Por teres me dado esse dom


Maria Bethânia






* (suddenly in my head)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

...

...Apesar de tudo. E por tudo. Nunca. Nunca o farei. Agora deita aqui e descansa. Nunca o farei, já disse (mesmo que quisesse não conseguiria...). Nunca!


E sempre. Sempre o farei. Sempre, já disse (mesmo que não o quisesse não conseguiria...).

Clap Clap Clap

Khôra faz anos. É já uma menina. É pequenina, na indefinição dos seus limites, das suas peles. Hoje, só para a festa - a festa é também uma maneira de khôra ser - veste-se de vestido com laços e toma a forma de uma menina. Uma menina que é uma voz, um espaçamento, um abrir de um lugar. Uma menina que cresce e que cria e recria o seu - um novo? - mundo. Uma menina por entre serpentinas e confetis e fogo de artifício. Uma menina a soprar uma vela. Uma menina de rosto posto nas rugas das mãos.




Entrava a fermosíssima Maria
Polos paternais paços sublimados,
Lindo o gesto, mas fora de alegria,
E seus olhos em lágrimas banhados.
Os cabelos angélicos trazia
Pelos ebúrneos ombros espalhados.
Diante do pai ledo, que a agasalha,
Estas palavras tais, chorando, espalha:

«Quantos povos a terra produziu
De África toda, gente fera e estranha,
O grão Rei de Marrocos conduziu
Pera vir possuir a nobre Espanha:
Poder tamanho junto não se viu,
Despois que o salso mar a terra banha.
Trazem ferocidade e furor tanto
Que a vivos medo e a mortos faz espanto.

Aquele que me deste por marido,
Por defender sua terra amedrontada,
C'o pequeno poder, oferecido
Ao duro golpe está da Maura espada.
E, se não for contigo socorrido,
Ver-me-ás dele e do Reino ser privada;
Viúva e triste e posta em vida escura,
Sem marido, sem reino e sem ventura.

Portanto, ó Rei, de quem com puro medo
O corrente Muluca se congela
Rompe toda a tardança, acude cedo
À miseranda gente de Castela.
Se esse gesto que mostras, claro e ledo,
De pai o verdadeiro amor assela,
Acude e corre, pai, que, se não corres,
Pode ser que não aches quem socorres».

Não de outra sorte a tímida Maria
Falando está que a triste Vénus, quando
A Júpiter, seu pai, favor pedia
Pera Eneas, seu filho, navegando;
Que a tanta piedade o comovia
Que, caído das mãos o raio infando,
Tudo o clemente Padre lhe concede,
Pesando-lhe do pouco que lhe pede.


Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, Canto III (estrofes 102-106)

O lápis azul é aqui!

O que é que faz com que uma empresa de serviço público - a TVI - (nunca perceberei essa mania de que só é “serviço público” o que for pago pelos impostos e administrado pelo Estado) suspenda um dos seus produtos mais rentáveis (o "Jornal Nacional de 6ª") sem apelo nem agravo nem sequer justificação? E sim, a sua administração tem todo o direito a mudar o que bem lhe aprouver, como empresa que é (seja ela de capitais públicos, privados, cooperativos, etc). Agora quando as decisões dessa empresa de serviço público são:

a) contra toda a racionalidade económica (a suspensão do Jornal Nacional de 6ª, líder de audiências e alavanca - mais uma! - do horário nobre esmagador da TVI, é tão disparatada financeiramente como a suspensão das novelas compactadas desse mesmo horário nobre e a sua substituição por missas em diferido);

b) conformes à vontade do Governo (o Primeiro Ministro disse-o na Assembleia da República muito claramente: a orientação editorial da TVI tinha de mudar. Disse-o também nas várias entrevistas que deu: o jornal da TVI era incómodo para o Governo e para a sua pessoa em particular);

c) tomadas à pressa (se era para suspender o programa, porquê deixar a equipa estar a prepará-lo até à véspera? Isso tem alguma racionalidade? Porque não o anúncio de uma alteração da grelha pós Verão?);

então permitam-me que concorde que ali há gato. Porque – simplesmente - não faz sentido nenhum (em termos empresariais). Ou melhor: faz todo o sentido (em termos políticos).

O lápis azul está a passar por aqui. (ou não fosse o regime um fiel herdeiro das repúblicas que o precederam. Da primeira. E da segunda.)