sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

À sombra do embondeiro

Sou contra a pena de morte. Irredutivelmente. Fico orgulhoso por viver no país que pioneiramente (1867) aboliu a pena capital na Europa (facto largamente celebrado por Vítor Hugo, quando escreveu que “(…)Está pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história. (...) Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal .(…)”… outros tempos!), não a aplicando de facto já muito antes, para as mulheres desde 1772 e para os homens desde 1846 (houve dois únicos exemplos prévios: San Marino (1852) e a Repubblica Romana (1849), ou seja, Estados totalmente alheios às potências europeias de então - e que, inclusive, no caso romano, não chegou a durar cinco meses). Portugal foi assim, a primeira potência europeia a abolir a pena de morte. E isso é um feito dos maiores que realizámos enquanto povo!

Mas confesso que ao ler coisas como estas,

O insulto de Mugabe ao povo do Zimbabué

Mugabe em dificuldade para pagar festa de anos

Mugabe: expropriações de brancos vão continuar


a minha caridade quase que encontra um limite! Fico fora de mim ao ver coisas destas, infelizmente comuns - embora não tão graves - na África pós-colonização europeia (o caso Angolano, com o país na mão de José Eduardo dos Santos & Companhia é outro exemplo, infelizmente, já clássico). Uma descolonização (seja isso o que for) em nome daqueles que, hoje, morrem às mãos dos seus libertadores, dos seus heróis, dos seus eleitos. Daqueles que por eles são explorados e vitimizados. Uma descolonização feita em nome da tão proclamada igualdade para acabar com o racismo e a discriminação... Pois!...

E é nestas horas que quase (quase quase quase) acho que ao Sr. Mugabe só um destino seria justo: o de Mussolini, mas reeditado na versão africana pendurado em embondeiro para as feras e os maus espíritos se divertirem. E nem sei se, em comparação, não foi Mussolini muito menos merecedor do fim do que este tiranete hediondo…

Não será pois de estranhar que, volvidos mais de 30 anos, as vozes que desconstroem o cliché “exploração colonialista europeia/colonização europeia em África” (nomeadamente no caso português que é o que nos diz respeito) se comecem a fazer ouvir e comecem a questionar a patranha hist(é)órica que lhes foi impingida!



© Imagem aqui

1 comentário:

Daniel C.da Silva disse...

A pena de morte é uma vergonha. Mugabe é apenas um nódoa no meio de tantas (ainda)...