quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Il faut bien manger*

Já cá canta! E já foi, como deve ser, bem comido, bem devorado. Ah valentes, mas Ah valentes!!! muitas vezes! De D. Maria de Portugal a D. Leonor da Áustria, todo um manancial de qualidades, determinação, inteligência, sacrifício, dádiva, paixão, etc. Eu por mim, encanto-me com D. Joana pela graça de Deus Rainha de Castela, Leão, de Portugal, de Toledo, de Galiza, de Sevilha, de Córdova, de Múrcia, de Jaén, do Algarve, de Algeciras, de Gibraltar, senhora de Biscaia e de Molina, ou seja, aquela que nasceu para mudar a História, da qual acabou por levar uma rasteira, renegada à alcunha de A Beltraneja, e rebaixada ao único título de Excelente Senhora. Como a História seria diferente se esta mulher tivesse conseguido ser tudo aquilo a que se propôs e para o qual nasceu! Como me encantam estas personagens, maiores do que a própria história, que nascem para ser tudo, e acabam não sendo nada - nunca esquecerei a impressão, o arrepio, que ainda hoje me causam os primeiros acordes que acompanham as primeiras imagens de uma certa criança, uma criança especial, logo no início desse meu filme de sempre, O Último Imperador de Bernardo Bertolucci: também aqui um menino (Pu Yi) nasceu para ser o Imperador da Grande Dinastia, Filho do Céu, Senhor de Dez Mil Anos, e acabou jardineiro, exilado na sua própria terra. Impressionante!

E a, também nossa, Excelente Senhora em nada lhe fica atrás. Fascinante! Absolutamente fascinante! Venha o próximo, já tenho saudades!


*Citação parcial do título de uma conversa entre Jean-Luc Nancy e Derrida, «Il faut bien manger» ou le calcul du suject.

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