domingo, 4 de janeiro de 2009

Do ciúme, do lixo e das filias...

Quem me conhece já sabe desta minha filia: não consigo resistir a um bom lixo musical ou (ainda melhor) telelixo. É uma coisa pavloviana, eu sei! As horas que eu passei a ver coisas tão enriquecedoras para a mente humana como o Big Brother, o Masterplan (com as cenas clássicas de Gisela), o Bar da TV (a discussão da alentejana Margarida com a sua mãe e o pai de gravata preta por estar de luto pela filha "galdéria"), ou mais recentemente O Momento da Verdade, são horas de verdadeiro prazer! Gosto imenso de ver até onde o ser humano consegue ir por dinheiro, por fama, por 15 segundos de estrelato… e garanto que, a experiência o diz, o ser humano vai até onde o mandem…e se calhar um bocadinho para além disso!

Depois há aquele maravilhoso grupo de gente que se julga hiper talentosa e que julga igualmente que o resto da humanidade tem de ter o "prazer" de partilhar esses "mui fermosos" atributos. É o caso do Zé Cabra, do Zezé Camarinha (embora esse restrinja a exibição dos seus "tributos" às "camones", F-E-L-I-Z-M-E-N-T-E), das crianças que cantam num programa da TVI, dos actores/estrelas/deixem-me só recuperar o fôlego de tanto rir dos Morangos e Rebeldes que para aí andam.

Destas duas categorias, não sei qual escolher para o caso que aqui apresento. Se é apenas um infeliz que se julga talentoso, ou apenas um infeliz à procura de ganhar a vida nem que seja a levar com uma iguana repelente na careca (outro clássico, este). Descobri-o aqui há uns meses aquando da minha outonal grande constipação (as minhas vêm sempre no Outono e na Primavera, são já de estimação), estando eu mergulhado no sofá a curtir as dores de garganta: sintonizando-me na Roda da Sorte (infelizmente o Herman José nos últimos tempos tem-se aproximado perigosamente das categorias aqui expostas) "apanhei" uma "música" cantada pelo "apresentadeiro" até à exaustão, e que me parecia deliciosa… Rapidamente empreendi uma curta busca, e foi isto que encontrei:



Vou Te Excluir do Meu Orkut

Ewerton Assunção


Sei que as horas vão passando
E eu amando mais você
Dedicando sempre um
Amor sem fim
Bons momentos de paixão
E de felicidade

[ora até aqui tudo bem, não fora a reduzida inspiração do poema]
E eu sempre acreditei
Que o seu amor era verdade...
[começamos a sentir o cheiro da tragédia]


Você sempre jurou a mim
Eterno amor

[nunca ouviste dizer que "quem mais jura mais mente"?!]
Que um dia casaria comigo
E seria feliz

[ah, pois…]
Mas você mentiu
E vi que estava errado

[porque ela mentiu ou pelo choque que se segue?]
Um dia vi você sair
Com ex-namorado...

[para além da sintaxe que nenhum acordo aproxima, foi só isso? Ela saiu "com ex-namorado"? Nem um papanço? Nem um beijo, uma cena de faca e alguidar para dar colorido – bem, e alguma substância, convenhamos! – à cena? Meu menino: isso na minha terra tem outro nome…]

Eu vou te deletar
Te excluir do meu orkut

[ai que medo!!! És mau!!! Para quem não saiba – como era o caso da minha mãe – o Orkut é um site de amizades muito usado no Brasil, semelhante ao Hi5]
Eu vou te bloquear no MSN

[é que um homem destes até dá pena!!!]
Não me mande mais
Scraps, nem e-mails
Power point

[já agora se isso fosse possível para toda a lista de contactos, agradecia-se!]
Me exclua também

[sim, que isto de exclusões se não forem mútuas é um problema…]
E adicione ele...

[ah pois, que eu posso ser corno, ou frouxo, ou parvinho, ou imaginar coisas, mas conheço os velhos ditados – "Rei morto, rei posto!" – e não faltaria agora eu excluir-te, tu retribuíres e não o adicionares no meu lugar… até me sentia pior…ou não…sei lá, que isto de malta com ciúmes parvos tem toda a espécie de manias estranhas…]


Só mais um pedaço para comentar o vídeo: ADORO os chapéus que dão aquele ar de dupla sertaneja caída em desgraça. ADORO o ar pungente com que ele canta! ADORO o toque "vamos mostrar o complexo turístico mais próximo". ADORO o momento intimista do solo da guitarra. ADORO o tom raivoso com que se grita (uppsss, canta) "Power Point". ADORO! É-me impossível resistir a uma pérola destas… não consigo, e sei que no dia do Juízo Final serei chamado à pedra… mas tenho fé no imenso sentido de humor de Deus! No Seu infinito sentido de humor, a julgar pelas manifestações terrenas do mesmo. É ou não é, d-e-l-i-c-i-o-s-o?

P.S. Existem outras versões de vídeos para isto no YouTube, uma das quais é tão didáctica que ensina ao espectador como proceder à sangrenta e tecnológica vingança – vulgo dor de corno – do pobre traído e excluído que o poema nos relata…


1 comentário:

AnAndrade disse...

Ahhhhhahahahahahahahahahahah!
Delicioso!!!