quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Obamania MMXI

É que o homem praticamente ainda nem aqueceu o lugar e já estou deserto de o ver pelas costas. Não há pachorra para ouvir mais falar em Obama! Irra que é demais! Parece aqueles anúncios irritantes a margarinas ou detergentes que nos invadem o cérebro e nos obrigam a andar com eles na cabeça o dia inteiro…

Mas estará tudo doido? Alguém me explica qual a razoabilidade da transmissão (bem alargada) pelas televisões portuguesas da tomada de posse de um chefe de estado estrangeiro? (quem dizer, eu até percebo bem a questão psicanalítica subjacente: como aqui o burgo é a tristeza que se sabe, deliramos que nem "índios" a olhar as contas de vidro colorido quando algo acontece no 1º Mundo…) Alguém me explica porque é que os tontinhos do Quénia acham que o Presidente dos Estados Unidos da América (que provavelmente nem sabe bem onde eles ficam no mapa apesar de já lá ter ido, ao que parece) há-de fazer correr rios de mel, enquanto eles, eles que lá estão, em vez de o fazerem, divertem-se a limpar etnicamente o próximo? E alguém me explica porque é que o Sr. há-de ser o salvador do mundo, quando tudo o que sabemos que ele quer fazer ao mundo é bombardear o Afeganistão, (agora, ao que parece) continuar o esforço militar no Iraque e matar o Bin-Laden (nunca lhe ouvi a palavra simples e democrata "julgar"…)? É que, segundo julgo saber, tudo isto era o sintoma do "mal" a abater na Casa Branca… Coerências!

Volta Bush, estás perdoado! (bem é só uma força de expressão! Cruzes!) Ao menos com o tontinho anterior podíamos todos rir um bocado com os disparates e as gafes deliciosas. Agora este é todo engomadinho, arranjadinho, certinho, sequinho, sizudinho, baaaaaaaahhhhhhhhh, um horror! Que irritação! Prevejo (pelo menos) 4 anos de aborrecimento e muuuuiiitttoooo chazinho de tília para mim!



P.S Apenas me resta uma esperança: que ele seja o que eu espero. Que ele seja o que disse ser durante a campanha e ninguém ouviu, entretidos que andavam a lançar-lhe hossanas. E aí, muito me hei-de rir com os sapos que muita gente vai engolir, com as vociferações contra o "grande Satã" do capitalismo (e outros disparates que tais), com os sapatinhos que vão chover, com as fotografias queimadas e afins. Mas isso será a minha alegria. E muito me hei-de rir! Ah pois hei-de! Ámen!

4 comentários:

Pedro disse...

Pela mesma razão que assistimos à eleição do novo papa, que assitimos ao casamento do príncipe de Gales e das infantas suas irmãs, ou como a todas as cerimónias da monarquia inglesa. Sinceramente, só tenho pena de não puder ver as das outras monarquias.

E obviamente que Obama não vai mudar o mundo, nem terá tal intenções e tolo é quem assim o crê. E fico-me por aqui.

AnAndrade disse...

Que o teu deus não te oiça.
Eu faço parte dos muitos milhões que têm esperança.
Até porque pior não pode ficar.
Que o teu deus não te oiça!
;)
Beijos!

Luís P. disse...

Caro Pedro: não julgo que a Sagração de um novo Papa seja comparável, na medida em que essa diz directamente respeito a oitenta e tal por cento dos portugueses que se declaram católicos (goste-se ou não). Já os casamentos e outras cerimónias reais (e apesar da minha condição monárquica e de ser um "papa cerimónias reais e para-reais") serão, também, o sintoma do mesmo: uma menoridade, uma falta, uma compensação à tristeza e à pobreza (desde logo simbólica) da pátria/mátria. Mas se nestas ainda se poderia falar da sua raridade (bem, no caso da Inglaterra "um casamento" já foi muito mais raro em tempos do que hoje; e não te esqueças que quem tem "infantas irmãs" é o Príncipe Felipe de Bourbon de Espanha, e foi tudo transmitido, é certo, bem como o casamento do Príncipe Pavlos da Grécia), no caso da república dos EUA, e por causa dela, a cerimónia é algo usual, um simples procedimento administrativo, corriqueiro de 4 em e 4 anos, logo, e em conformidade com o princípio republicano, banal. Aliás, a minha perplexidade parte de nunca antes ter havido tal dislate, porque se fosse tradição, ao menos havia o "uso e o costume" para o justificar. Agora (e só no caso da RTP1) houve transmissão em directo, resumo alargado à noite, e re-transmissão em diferido pela madrugada: se isto não é atribuir a condição imperial aos EUA, o que será?

Mas folgo em saber que concordas com a "humanidade" de Obama! Infelizmente somos poucos, mesmo muito poucos, a não ter esperanças hiperbólicas e infundadas sobre ele (do que ele não será totalmente inocente)... Basta ver que até o vestido da sua mulher foi alvo de uma extensa peça no encerramento do Telejornal...sinal dos tempos!

Abraço

Luís P. disse...

Cara Ana: o meu Deus não tem de ouvir-me ou deixar de ouvir-me porque Ele deixou a "César o que é de César"...:)

E não te esqueças: pode sempre ficar pior, sempre, sempre, sempre. Assim como pode sempre ficar melhor, sempre, sempre, sempre (sou um optimista céptico, se quiseres!):D

Agora: um homem muda o mundo? Não creio! Se há duas coisas em que não creio, em política, é em:
1 - Messias terrenos;
2 - Mudanças súbitas/absolutas/revoluções;

Ao Obama reconheço-lhe uma grande máquina de campanha e propaganda (daí a fortuna que ele gastou e o ter recusado financiamento federal para não ficar limitado, embora, o meu lado negro desconfie de tanto dinheiro a afluir a uma campanha...), um speechwriter mediano (não deliro com os discursos nem os acho sequer comparáveis ao que conheço do Luther King, ressalvando que o seu estilo evangélico é-me totalmente estranho), """""possivelmente""""" boas intenções (mas dessas, bem o sabemos, o Inferno está cheio), uma excelente capacidade de cavalgar a onda e de virar os acontecimentos a seu favor. Pouco mais. Ah, e uma cor de pele que ele soube aproveitar, fingindo não o fazer: e, nesse "ser rato, parecendo não o ser" reconheço-lhe talento, o qual lhe admiro! (não resisto a uma boa citação de Maquiavel, é o que é!) ;)

O tempo encarregar-se-á de nos dizer ao que vem.

Beijo:)

P.S. Ou seja (e graças ao "meu" Deus e ao Seu maravilhoso gosto pela infinita diversidade!), se concordássemos é que era de admirar e de fazer tremer o chão, he he he. Que é como quem diz, apocalíptico, lembras-te?;)