E modernista no espírito dos Modernistas de início do século XX. Tenho uma crença e um fascínio, totalmente infundados no futuro, nesse futuro enraizado na tradição. Fascinam-me as coisas novas, o novum, o advento. Sou um curioso das máquinas, apesar de nada perceber delas; mas gosto das novidades, da novidade, do que vem do que chega, do que está-a-vir… Partilho alguma da crença no progresso, nos avanços da civilização (como então se dizia), mas sem tentações positivistas ou cientistas (que aliás abomino particularmente). Talvez, isso, explique porque sou ritualista; e isto no sentido de gostar de rituais (por exemplo, religiosamente, quanto mais ritualizada for uma cerimónia, mais ela me encanta), de precisar de rituais e da ligação que eles estabelecem. Porque é bom saber que o rio continua a correr para além de nós, que o tempo não pára por nossa causa, e que a nós cabe o lugar único de receber e transmitir o legado. O futuro é só o herdeiro da tradição.
©Guilherme Santa-Rita, Cabeça, 1910
Sem comentários:
Enviar um comentário