sexta-feira, 19 de junho de 2009

Shahanshah*

Quando era pequeno a Pérsia evocava-me um reino maravilhoso. O reino dos tapetes e do exotismo. Cresci ainda sobre o choque que a Revolução dos Aiatolas provocara por , provocando a queda desse rasgo de modernidade que significava o Xá Mohammad Reza Pahlavi (e da Imperatriz Farah Diba, símbolo de elegância entre as senhoras de casa). Nunca por cá se usou o termo Irão sem logo acrescentar, "a antiga Pérsia", como se isso fosse um símbolo de resistência em face da barbárie islamita. Talvez por isso, ainda hoje, eu prefira usar o termo Pérsia (ocidental, bem o sei, mas que fazer? É essa a minha (in)condição!), recusando sempre o termo Irão – na minha cabeça o Irão é a terra dos Aiatolas, e a Pérsia a terra do Trono do Pavão, dos Xás, de Sherazade e das mil e uma noites. A terra do sonho e da fantasia, ou, se quisermos, a terra da poesia: ouvi recentemente que, por lá, é costume as famílias reunirem-se em torno dos túmulos dos poetas – situados em belos jardins, ou não fosse aquela a terra da Babilónia – para lhes honrarem a memória e lhes lerem poemas. Essa é uma bela e romântica imagem da Pérsia, que me agrada e que acarinho. Talvez para esquecer a confusão que o fanatismo me causa. Talvez para esquecer que um dos nossos berços está entregue às mãos de gente de vistas curtas, gente de burcas e de mãos cortadas. Talvez para esquecer que a Pérsia está transformada no Irão.


O que me consola é que há sempre esperança. Por mais que tentem, por mais que limitem, a esperança cresce sempre, resiste sempre. É, talvez, a matriz daquelas terras que clama uma liberdade perdida. É uma cultura milenar, é uma cultura de um dos grandes impérios de sempre (e uma das mais prósperas de sempre) que se quer libertar das amarras fundamentalistas que, uma certa leitura do islão, lhe impõe. Vejo as manifestações em Teerão, vejo os que morrem em nome da Pérsia e sinto o coração apertado. Sei bem que as revoluções são incertas e nunca, em tempo algum, trouxeram alguma coisa boa aos que as fazem; as revoluções são como Cronos, devoram sempre os seus filhos, são autofágicas e destruidoras. O regime dos Aiatolas conhecerá o seu fim (todos o conhecem). Queira Deus (Esse que nos é comum, da Pérsia à Lusitânia) que os seus filhos persas reencontrem o caminho da liberdade e do progresso! Que eles possam retomar o caminho (interrompido) iniciado por Ciro II! Que eles saibam honrar os seus avós (e nossos avós) e saibam cantar novos poemas nos túmulos de novos poetas!


Aqui deixo um grande documentário que retrata bem o que foi o reinado e o reino do último Xá da Pérsia. Como a maior parte das vezes tem sido (por essas paragens ainda mais), a monarquia é um agente de progresso, de prosperidade, inegável e incomparável. Veja-se o que era o Irão antes e o que é o Irão depois do Xá! Veja-se e compare-se. Veja-se e pese-se. Vejam-se os indicadores do Irão antes e compare-se com a situação catastrófica que hoje se vive. Veja-se a acção da Dinastia Pahlavi na modernização, na melhoria das condições de vida, e no fortalecimento do Irão, e compare-se com a política seguida pela "revolução dos mullah's". Parafraseando Ésquilo: Persas, vós que escutais, derramai lágrimas! Que a Pérsia volte a ser Pérsia!







*Rei dos Reis, Imperador.

Sem comentários: