sábado, 27 de junho de 2009

Cinema paradiso

Houve um tempo em que o cinema era com actores e actrizes. Bruto, seco, rude, sem efeitos espectaculares fantásticos, sem magias de algibeira e varinhas de condão. Houve um tempo em que o cinema era (como o diria Manoel de Oliveira que ainda o faz) teatro filmado. Isto é, tão simplesmente, palavra animada, texto, densidade, textura, profundidade (da palavra e da imagem) sem excessos, sem pontas soltas, sem desperdícios - tudo concorrendo para a obra final (o texto, a decoração, a banda sonora, os planos, a iluminação, a fotografia, o guarda-roupa, os actores). Houve um tempo em que o cinema era avassaladoramente adulto. Houve um tempo em que o cinema amadureceu e se tornou vida. Houve um tempo em que este cinema abarrotava as inúmeras salas e era "comercial". Houve um tempo em que o que interessava era a narrativa contada e não o custo.


Era um tempo de requinte aristocrático. Um tempo do sonho. Um tempo a correr por entre os dedos... Em homenagem a esse tempo. Em homenagem a um dos grandes realizadores cinematográficos que a Europa (e o mundo) conheceu - Luchino Visconti. Em homenagem ao meu realizador italiano favorito. Em homenagem ao tempo do leopardo...





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