domingo, 7 de setembro de 2008

I - Migo e Tigo*

(...) adoro-te por tudo o que dizes, por tudo o que fazes, por tudo o que és. Sim, principalmente por tudo o que és. E o que queres ser. Tens uma exigência de justiça e felicidade que nunca encontrei em mais ninguém. Amar-te é também amar-te mais em cada dia que passa. Incondicionalmente. (...) Se pudesse, quando puder (e toda a fé e a esperança nascem deste “quando”) voarei para junto de ti. (...) Aparecerei de surpresa, pezinhos de lã e asas de vento, irrompendo com o novo e o riso e as gargalhadas e as piscadelas de olho nos teus dias, nos teus espaços, nas tuas horas. Conduzir-te-ei: não temas, fecha os olhos e deixa-te levar ( como numa valsa, meu amor) sem saber o destino- as horas acontecem sempre de surpresa – (...). Quero conhecer todos os teus amigos e encontrar a estrela que te atraiu a eles e admirá-los por te amarem (como os compreendo!) e por tu os amares . Quero conhecer toda a tua família (...). Conhecê-los e amá-los porque importantes para ti, porque fazem parte de ti, e porque juntos ajudaram a que crescesses para ser o que és: o meu querido carinhoso e-terno Amor !(...) quero conhecer os lugares onde cresceste e cresces, onde foste e és feliz (...) guardar memória de ti em cada um deles, com aqueles que amas, como pequenas e perfeitas polaroides da vida doméstica, porque sei que também é disso que é feita a alegria. E a felicidade. Tudo o que te quero dar!

Quero construir novas memórias, novas lembranças de ti, contigo, e ir guardando-as nos bolsos como se guardam as pedrinhas coloridas e raras que encontramos à beira-mar. O meu tesouro não terá fim! Viajar contigo. Contar estrelas contigo. Chorar contigo. Cantar contigo. Dormir ao luar contigo. Ler contigo – e para ti, porque não?! Tomar banhos de mar de madrugada e deixar o dia nascer na tua pele...

Quero uma vida serena, mas intrigante, espectacular nos gestos e nos sentidos. E que seja recheada de surpresas, novidades, pipocas, guloseimas e gargalhadas. Quero contar-te estórias e ouvi-las contadas por ti. Esvaziar garrafas de vinho e barris de cerveja, comer tremoços amendoins e pevides em restaurantes de nouvelle cuisine, provar novos molhos nos bifes e temperos exóticos no peixe com ar entendido e gourmet. Ir às tascas de smoking e dançar à chuva, nus e regados com molho de chocolate. E passar um dia inteiro agarrado ao fogão a preparar-nos um petisco: e levar um minuto a comê-lo! (...) Perder o tempo e ganhar a vida. E quero ver televisão aninhado em ti, e nos nossos filmes ter o teu braço e o teu joelho e o teu cheiro e o teu calor e as tuas lágrimas como companhia (choras tanto e tão bem com os nossos filmes, meu amor!). E assistir a comédias românticas empanturrados em chocolates. E escrever ao teu lado. E escrever-te bilhetes apaixonados e lamechas e escondê-los nos teus bolsos, e ver-te escrever e desenhar e pintar de mil cores os smiles que gostas de fazer em post-it’s. E à noitinha, na cama, pousar o livro e ficar a olhar-te... E de manhãzinha cantar contigo no duche e partilhar as torradas quentes e o café fresco. E fazer um cruzeiro contigo e não ver mais nada senão o nosso camarote... E beijar-te todas as manhãs, bem cedinho, e passar o dia todo ansioso pelo reencontro ao fim da tarde, com o teu cheiro entranhado em mim. E usar a tecnologia para estarmos juntos, if you know what i mean! E levar-te a mergulhar e oferecer-te uma vida da cor dos corais. E aprender a velejar para te levar a tomar um gin tónico no Peter’s, comme il faut! E levar-te a Nova Iorque, abominar o café no Starbucks, mergulhar no MoMA e passear nos coches de Central Park (é kitsch, eu sei meu amor, mas enternece-me a tua imagem, cachecol laranja ao vento enquanto os cavalos arfam e a cidade, inteira, brilha e pulsa só para nós). E comer fruta à cão, pão com queijo a meias e corn-flakes à mão. E depois de voar nos escorregas e baloiços, inundar as esplanadas de sábado à tarde com bolas de sabão. E saber uma única palavra em linguagem gestual: “Amo-te!”. E conversar, e escutar, e gargalhar, e rir rir rir rir rir sem fim! E depois ficarmos em silêncio, calados, só os dois, um-com-o-outro. E a música do mundo ser a tua respiração.

E no dia a seguir é preciso começar tudo de novo...
João Forji

Sem comentários: