Chegados a esta altura do ano começam os queixumes e as lamúrias. Ora é porque chove, ora é porque as noites começam a ser frias, ora é porque os dias são mais pequenos, tudo serve de pretexto para as gentes lançarem os seus ais para o ar (e se há coisa da qual as gentes em geral gostam - e as portuguesas em particular - é de lançar ais, de queixar-se, de lamuriar-se, e então se for sobre o tempo… é o delírio! Nunca as estações estarão certas para este povo…).
Talvez por trauma infantil, mas daqueles bons, daqueles que nos fazem sorrir enlevados (que é como quem diz aparvalhados) quando pensamos neles, eu gosto desta época do ano. E gosto porque, ao contrário dos que se deprimem com o primeiro amarelecer das folhas, com a sua primeira queda, com a partida das aves, eu sorrio ao começo. Melhor: ao recomeço. E estes dias são para mim sempre cheios de esperança, sempre prenhes de tempo porque me trazem o bater do coração do antigo regresso às aulas. A excitação do regresso. O cheiro dos novos cadernos e dos novos livros. A expectativa quanto às aprendizagens que hão-de vir e ser em mim. A expectativa quanto às aventuras e às novidades. Sempre como a primeira vez. Como da primeira vez. Desde os meus seis anos (ano fatídico em que revivi o calvário a caminho da escola a cem metros de casa…) e até há bem pouco tempo assim foi. E por isso, na minha cabeça, mais ou menos inconscientemente, este é o tempo do recomeço, do renascimento, da nova etapa. Do novo. Este é o tempo da minha passagem de ano. O tempo das promessas. O tempo dos desejos. Do desejo.
Por isso, sorrio às cores quentes que já cobrem os campos. Sorrio ao arrefecimento das noites e deslumbro-me com o cheiro dos primeiros abafos rebuscados no armário. Sorrio ao calor deste já sol de inverno. Sorrio à esperança que os ciclos e a sua renovação regular suscitam. Sorrio ao salto das poças. Sorrio ao sabor a mosto da terra e à névoa que as borralheiras espalham sobre a terra. Sorrio aos primeiros assadores de castanhas, aos magustos e às suas gargalhadas. Sorrio às mãos mascarradas e às correrias. Sorrio às folhas secas por entre as páginas dos livros. Sorrio às aves que partem, porque sei que vão voltar. Sorrio à luz que esmorece, porque não há trevas sem aurora. Sorrio à morte, porque é dela e do seu mistério que nasce a vida. Sorrio à esperança, porque nunca me deixou ficar mal. E sorrio ao que vem, porque é sempre bom. E há-de ser!
Por isso vou. E deixo vir…
Talvez por trauma infantil, mas daqueles bons, daqueles que nos fazem sorrir enlevados (que é como quem diz aparvalhados) quando pensamos neles, eu gosto desta época do ano. E gosto porque, ao contrário dos que se deprimem com o primeiro amarelecer das folhas, com a sua primeira queda, com a partida das aves, eu sorrio ao começo. Melhor: ao recomeço. E estes dias são para mim sempre cheios de esperança, sempre prenhes de tempo porque me trazem o bater do coração do antigo regresso às aulas. A excitação do regresso. O cheiro dos novos cadernos e dos novos livros. A expectativa quanto às aprendizagens que hão-de vir e ser em mim. A expectativa quanto às aventuras e às novidades. Sempre como a primeira vez. Como da primeira vez. Desde os meus seis anos (ano fatídico em que revivi o calvário a caminho da escola a cem metros de casa…) e até há bem pouco tempo assim foi. E por isso, na minha cabeça, mais ou menos inconscientemente, este é o tempo do recomeço, do renascimento, da nova etapa. Do novo. Este é o tempo da minha passagem de ano. O tempo das promessas. O tempo dos desejos. Do desejo.
Por isso, sorrio às cores quentes que já cobrem os campos. Sorrio ao arrefecimento das noites e deslumbro-me com o cheiro dos primeiros abafos rebuscados no armário. Sorrio ao calor deste já sol de inverno. Sorrio à esperança que os ciclos e a sua renovação regular suscitam. Sorrio ao salto das poças. Sorrio ao sabor a mosto da terra e à névoa que as borralheiras espalham sobre a terra. Sorrio aos primeiros assadores de castanhas, aos magustos e às suas gargalhadas. Sorrio às mãos mascarradas e às correrias. Sorrio às folhas secas por entre as páginas dos livros. Sorrio às aves que partem, porque sei que vão voltar. Sorrio à luz que esmorece, porque não há trevas sem aurora. Sorrio à morte, porque é dela e do seu mistério que nasce a vida. Sorrio à esperança, porque nunca me deixou ficar mal. E sorrio ao que vem, porque é sempre bom. E há-de ser!
Por isso vou. E deixo vir…
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